Policial Federal defende primeira tese de doutorado em área de impressões digitais no Brasil
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Após cinco anos de pesquisa, o papiloscopista Carlos Magno Girelli, da Polícia Federal no Espírito Santo, defendeu sua tese de doutorado que criou uma nova técnica para estudo de impressões digitais no Brasil, favorecendo a elucidação de crimes com armas. A técnica identificou pela primeira vez suspeito de homicídio por impressões digitais em cartucho deflagrado e está abrangendo também o Rio de Janeiro, sendo usada no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco, que ocorreu em março deste ano.
A defesa da tese, intitulada “Recuperação de impressões digitais em cartuchos de munição: boas práticas de revelação e fotografia, análise de superfície e efeitos de balística interna”, ocorreu na última quinta-feira, dia 4 de outubro, no auditório do Programa de Pós-Graduação em Física da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
A técnica consiste na utilização de certos compostos químicos para descobrir digitais em cartuchos de armas deflagrados. Ela comprova a melhor sequência de reagentes para revelar impressões em cartuchos de munição. Foram desenvolvidos aparato e método para fazer fotografia panorâmica na superfície lateral de cartuchos e outros objetos cilíndricos, e agora é possível explicar o principal efeito do disparo na degradação das impressões digitais nos cartuchos.
Por meio de um convênio com a Polícia Civil do Espírito Santo, a técnica de revelação e fotografia está sendo aplicada em situações reais e já trouxe resultados significativos, como a identificação de um suspeito de homicídio com base na impressão digital revelada em um cartucho deflagrado.
“A pesquisa comprova a importância e os benefícios da integração entre instituições federais do estado, neste caso, segurança e educação. É importante que problemas de proteção à sociedade sejam levados para a universidade, a fim de que sejam trabalhados de forma mais apropriada, com estudo”, ressalta o doutor Girelli, e acrescenta que a ideia é que os resultados sejam incluídos em procedimentos operacionais padrões e auxiliem na rotina dos policiais.
Formado em Física e em Direito, o doutor deu início à pesquisa em 2013, no Instituto Nacional de Identificação (INI), do Departamento de Polícia Federal, em Brasília (DF), onde ficou por dois meses e contou com a colaboração do químico e também papiloscopista Bernardo Lobo. Depois, retornou ao Espírito Santo e prosseguiu com o trabalho no Laboratório de Materiais Carbonosos e Plasma Térmico do Departamento de Física da Ufes, contando com o apoio de seu orientador professor Francisco Emmerich e de professores como Jair Freitas e Alfredo Cunha.