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Preso, Marcelo Odebrecht pede para ‘destruir e-mail’

Há 10 anos


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Lava Jato. No 1º dia de visitas aos presos da 14ª fase da operação, bilhete de empreiteiro encaminhado aos advogados chama a atenção

Um bilhete escrito pelo presidente da empreiteira Odebrecht, Marcelo Odebrecht, de dentro da carceragem da PF (Polícia Federal), em Curitiba, revela estratégias de defesa para contestar provas da Justiça. Ele foi preso na última sexta-feira, durante a 14ª fase da Operação Lava Jato.

Entregue aos agentes na manhã de segunda-feira, data do primeiro encontro de Marcelo Odebrecht com seus

advogados, o bilhete foi examinado pela PF -- como é de praxe. Foi feita uma cópia do documento devido à expressão ‘destruir e-mail sondas’, em meio a duas páginas manuscritas.

Ontem, o delegado da PF Eduardo Mauat enviou um ofício à Justiça Federal, informando o ocorrido. Dada a gravidade do tema, como classificou, Mauat convocou os advogados do executivo, Dora Cavalcanti e Rodrigo Rios, para um encontro na última terça-feira. Os dois ponderaram que o verbo destruir se referia a uma estratégia processual, e não à supressão de provas.

Em petição protocolada ontem, a defesa da Odebrecht declarou que as anotações não continham “o mais remoto comando para que as provas fossem destruídas” e que -- “à toda evidência” -- a palavra destruir fora empregada no sentido de “desconstituir, rebater, informar a interpretação equivocada que foi feita sobre o conteúdo do e-mail”. Disse, ainda, que abaixo do termo “estão registrados argumentos e fatos para elucidar o teor do dito e-mail apresentado como comprometedor”.

Por fim, os advogados defendem que não faria sentido algum destruir mensagem já apreendida pela PF.

E-mail

O e-mail citado no bilhete foi considerado pelo juiz Sergio Moro como uma das principais provas contra Marcelo

Odebrecht, que está prisão preventiva. Enviado em 2011 por Roberto Prisco Ramos, ex--funcionário da Braskem -- petroquímica da Odebrecht--, o e-mail fala em sobrepreço de até US$ 25 mil por dia em contratos de operação de sondas, que Moro remete à Petrobras. Na época, Ramos deixou a Braskem e criou a Odebrecht Oléo e Gás.

Na última segunda-feira, a Odebrecht publicou um comunicado, dizendo que o termo ‘sobrepreço’ utilizado no e-mail nada tem a ver com superfaturamento, cobrança excessiva ou qualquer irregularidade. Representa, apenas, a remuneração contratual da Odebrecht Óleo e Gás.

Em despacho ontem, Moro disse que a Odebrecht se serviu de vastos recursos financeiros, “defendendo seu procedimento e atacando este Juízo e as instituições responsáveis pela investigação”.

BRUNNO BRUGNOLO

METRO CURITIBA