Sindicatos e PF discutem saúde emocional na corporação
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A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) – em parceria com o Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal (Sindipol-DF), a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), a Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal e a Diretoria de Gestão de Pessoal (DGP) da PF – realizaram nesta quinta-feira (12), em Brasília, a palestra “Felicidade e Produtividade no Ambiente de Trabalho”. Para um auditório cheio, no Instituto Nacional de Criminalística (INC), o professor da Universidade de Brasília (UnB) Wander Cléber Silva – que conduziu o bate-papo – refletiu sobre os caminhos para uma vida profissional e pessoal mais feliz.
“O sucesso na carreira e na vida é consequência da felicidade. A felicidade ajuda a alcançar resultados positivos; e, não, o contrário. E a chave para a felicidade é o autoconhecimento”, resumiu o doutor em Psicologia e mestre em Processos Comportamentais pela UnB. “A felicidade não é um caminho nem uma chegada. É o jeito que se caminha”, reforçou Wander Silva, ao final da palestra – uma das ações da Fenapef neste Setembro Amarelo, estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o mês de prevenção ao suicídio.
Ao observar a quantidade alarmante de policiais federais que tiraram a própria vida nos últimos anos, o presidente da Fenapef, Luís Antônio Boudens, destacou a importância do encontro. “É a primeira vez em que tantas instituições se unem para falar abertamente sobre este tema tão preocupante”, disse. “Vamos virar este jogo porque precisamos, porque o problema tem se tornado cada vez mais grave, porque temos mais experiência e porque estamos unidos. Vamos resgatar o espírito de corpo da Polícia Federal”, acrescentou Boudens.
Dados consolidados pela Fenapef mostram a ocorrência de 32 suicídios de policiais federais nos últimos dez anos (de 2009 a 2019). Quando analisado o período de 20 anos – de 1999 até 2019 – foram 49 suicídios mais sete tentativas. Dos 49 casos, 27 foram de agentes. A maior quantidade de suicídios ocorreu no Distrito Federal (sete) e no Rio de Janeiro (sete), seguidos de Santa Catarina (seis) e Paraná (quatro). Leia mais aqui.
PROVIDÊNCIAS – Conforme pontuou Luís Antônio Boudens, o fato de policiais cometerem suicídio no ambiente de trabalho deve ser visto como um alerta. “Sem atribuir culpa, é preciso que providências sejam tomadas”, defendeu o presidente da federação, ao ressaltar que a Polícia Federal carece de políticas permanentes direcionadas a esta problemática.
Na avaliação do professor Wander Silva, é necessário falar sobre suicídio de forma clara, sem julgamentos ou preconceitos, de maneira adequada e por profissionais capacitados, como psicólogos e médicos”, disse.
Segundo o especialista, o acolhimento e a observação de colegas, no ambiente de trabalho, também são fundamentais. “Não se deve negligenciar nenhuma ameaça, nenhum sinal de tristeza, depressão ou outras doenças emocionais. Os locais de trabalho precisam de acolhimento, alegria, amorosidade”, destacou Silva.
Também prestigiaram a palestra, o diretor de Gestão de Pessoal do Departamento de Polícia Federal, Delano Cerqueira Bunn; o presidente do Sindipol-DF, Egídio Araújo; o superintendente da PF no Distrito Federal, Márcio Nunes de Oliveira; e o presidente da APCF, Marcos Camargo; além dos diretores da Fenapef Flávio Werneck (Jurídico), Júlio César Nunes (Estratégia Sindical) e Sérgio Pinheiro (Seguridade Social).
Rodas de conversa sobre qualidade de vida e saúde emocional na corporação serão promovidas pelo Departamento de Polícia Federal (DPF). Inscrições podem ser feitas pelo telefone (61) 2024-8700 ou por email: [email protected]